BRICS devem lançar moeda própria em agosto. Dólar estaria perdendo força?

O que são reservas em moeda estrangeira e como podem ajudar a combater a crise econômica global. 

Recentemente tornou-se em pauta a união dos países formados pelo BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, deve apresentar em agosto uma proposta de emissão de uma moeda comum entre as nações, diminuir a dependência econômica do dólar americano.

O grupo argumenta que a dependência do dólar deixa os países a merce das políticas americanas e isso tem prejudicado relações comerciais entre as nações. Além disso, argumentam que o uso de CBDCs entre os participantes dos BRICS pode reduzir custos e aumentar a eficiência dos pagamentos cross border. Também existem projetos para a criação de uma moeda comum do Mercosul, e outra sobre uma divisa comum da América Latina e do Caribe. Dólar estaria perdendo força?

O que é uma reserva em moeda estrangeira?

Moeda estrangeira ou reservas cambiais, também conhecidas como reservas cambiais, compreendem dinheiro e outros ativos, como ouro, mantidos por bancos centrais e outras instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI. Podemos listar 7 razões principais pelas quais os bancos centrais têm reservas em moeda estrangeira:

  • Para ajudar a manter o valor de uma moeda nacional a uma taxa fixa. A China vincula o valor do yuan ao dólar americano. Ao acumular dólares, ele aumenta o valor do dólar em relação ao yuan, aumentando assim as vendas, tornando as exportações chinesas mais baratas do que os produtos fabricados nos Estados Unidos.

  • Para manter uma moeda nacional inferior ao dólar. O Japão, que tem um sistema de câmbio flutuante, compra títulos ou títulos do tesouro dos EUA para manter o iene abaixo do dólar. Novamente, isso ajuda a manter suas exportações relativamente mais baratas.

  • Para manter a liquidez em caso de crise econômica. Um banco central pode intervir e trocar sua moeda estrangeira pela moeda local, garantindo que as empresas possam continuar importando e exportando de forma competitiva.

  • Para cumprir as obrigações financeiras internacionais de um país. Isso pode incluir o pagamento de dívidas, o financiamento de importações e a absorção de movimentos súbitos de capital.

  • Financiar projetos internos. Programas de infraestrutura ou indústria às vezes são financiados dessa maneira.

  • Para tranquilizar os investidores estrangeiros. Guerras ou distúrbios internos podem assustar os investidores que podem tentar transferir seu dinheiro para fora do país. Manter reservas cambiais pode projetar um ar de confiança e acalmar os temores dos investidores.

  • Para diversificar seu portfólio. Ao manter diferentes moedas e ativos em reserva, um banco central pode diversificar seu risco e fornecer proteção caso um investimento caia.

Por que o dólar é um porto seguro em tempos de crise econômica?

Durante os períodos voláteis da economia mundial, os investidores e negociantes de moeda muitas vezes procuram converter reservas de caixa nas chamadas moedas de ‘porto seguro’ para proteção. Moedas como o franco suíço e o iene japonês, mas especialmente o dólar americano, são consideradas ativos de refúgio.

O dólar é particularmente atraente, sendo a moeda de reserva mundial e a moeda usada em muitos negócios internacionais. Também é apoiado pelas maiores reservas de ouro do mundo. O chamado ‘Greenback’ esteve recentemente em seu ponto mais alto em duas décadas em comparação com as principais moedas rivais. Os investidores têm aderido a ela, encorajados por sinais de que o Federal Reserve dos EUA aumentará as taxas de juros mais rapidamente do que a maioria.

Em minha opinião, acredito que, com as taxas dos EUA muito mais altas e as ações muito mais baixas, o dólar é um porto seguro o único porto seguro que resta é o dólar americano.

Poderia surgir uma moeda de reserva mundial alternativa?

O presidente Vladimir Putin disse que a Rússia está pronta para desenvolver uma moeda de reserva global junto com a China e outros membros do grupo de nações BRICS. Poderia ser baseada em uma cesta de moedas dos membros da organização, que também incluem Brasil, Índia e África do Sul.

A medida segue a Rússia sendo cortada do sistema financeiro mundial após a invasão da Ucrânia. Isso restringiu seu acesso a dólares. Segundo economistas, esta poderia ser uma opção atraente para um grupo mais amplo de países, uma possibilidade é que a moeda da cesta do BRICS possa atrair as reservas não apenas dos membros do grupo, mas também de países já em sua faixa de influência. Isso inclui nações no sul da Ásia e no Oriente Médio.

Os defensores de criptomoedas como o Bitcoin acreditam que os ativos digitais também podem desafiar o domínio das principais moedas. Alguns bancos centrais estão olhando para a tecnologia blockchain para moedas digitais criptográficas soberanas. A China não reconhece o Bitcoin, mas está desenvolvendo um yuan digital, relata o City Index.

Ainda assim, a moeda brasileira continua mantendo uma performance relativa favorável no ano pelos fatores estruturais relacionados ao diferencial de juros, melhora do câmbio contratado comercial (redução do diferencial entre contratado e físico do saldo) e diferencial de crescimento. Nesse último, o Brasil mostrou crescimento superior a 4% anualizados no primeiro semestre ano, contra a forte desaceleração da economia global no mesmo período.

No exterior, como costumo dizer, mais do mesmo. Inflação bombando, os países lutando para tentar conter essa alta e, com isso, aumentando seus juros, uns atrasados como a Europa, que demorou muito para iniciar, outros a ritmo contestável, como os Estados Unidos, que pagarão o preço, mas o perigo disso é frear o consumo, desacelerar o crescimento e entrar em recessão.

Sócio e Head de Operações Internacionais