Carta de Câmbio de Setembro de 2022

Finalizamos o último mês pré-eleição, e no momento que esta carta está sendo redigida, já temos conhecimento sobre o resultado do 1º turno das eleições presidências. Assim sendo, leia abaixo nossas considerações para o mês de setembro, último mês do 3º trimestre de 2022.

O dólar fechou perto da estabilidade na última sexta-feira do mês, zerando queda de mais de 1% vista no meio da tarde, com um mercado bastante sensível a notícias sobre o futuro da política fiscal do novo governo na última sessão antes do primeiro turno das eleições no Brasil.

O dólar à vista mostrou variação positiva de 0,01%, a 5,3941 reais.

Na mínima, a moeda caiu a 5,329 reais, baixa de 1,20%, quando a divisa brasileira ocupou o topo da lista de ganhos nos mercados globais de câmbio.

O rumo da política fiscal no próximo ano é um dos pontos que mais centralizam os debates entre investidores, cuja confiança já foi abalada por sucessivas flexibilizações do teto de gastos –instrumento tido como âncora fiscal e de autoria do próprio Meirelles durante o governo Temer–, pelo aumento de despesas sociais e, sobretudo, pela perspectiva de que esses gastos adicionais, previstos para serem temporários, se tornem permanentes. Em minha opinião, O fiscal vai piorar independentemente de quem vencer, mas não drasticamente.

Na semana, acumulou alta de 2,78% e, no mês de setembro, avançou 3,71%. No trimestre, a valorização é de 3,1%.

O real depreciou nos últimos dias sentindo a aversão ao risco que ainda prevalece no cenário externo, a formação de preços da ptax de referência para contratos futuros e a proximidade das eleições que acontecerão nesse último final de semana. Fluxos de saída pontuais no dólar pronto devem ter também ocorrido, tendo em vista a atuação do banco central em leilões de linha nos últimos dias.

Ainda assim, a moeda brasileira continua mantendo uma performance relativa favorável no ano pelos fatores estruturais relacionados ao diferencial de juros, melhora do câmbio contratado comercial (redução do diferencial entre contratado e físico do saldo) e diferencial de crescimento. Nesse último, o Brasil mostrou crescimento superior a 4% anualizados no primeiro semestre ano, contra a forte desaceleração da economia global no mesmo período.

No exterior, como costumo dizer, mais do mesmo. Inflação bombando, os países lutando para tentar conter essa alta e, com isso, aumentando seus juros, uns atrasados como a Europa, que demorou muito para iniciar, outros a ritmo contestável, como os Estados Unidos, que pagarão o preço, mas o perigo disso é frear o consumo, desacelerar o crescimento e entrar em recessão.

Na Europa, além da inflação, o componente Putin, que deixa o continente com o problema de abastecimento de gás, dentre outros produtos. Sábado a Rússia já não entregou gás à Itália. Na semana passada, a inflação ao consumidor da zona do euro bateu dois dígitos pela primeira vez. E nesta semana sai por lá a inflação ao produtor. Seguimos atentos a essa guerra na Ucrânia.

 

Sabendo dos resultados do 1º turno, o dólar operou em queda firme contra o real na manhã desta segunda-feira, em torno de 3%. O resultado mais apertado do que as pesquisas apontavam na disputa presidencial e a nova composição do Congresso, mais alinhada à direita, foram vistos como positivos por agentes do mercado.

Acredito que mais importante que a análise da disputa presidencial foi a montagem da Câmara e do Senado, em grande parte, formada por aliados do atual presidente, destacando que as novas formações possuem um alinhamento mais liberal. Uma agenda liberal é uma agenda mais pró-mercado.

Podemos também atribuir a queda firme do dólar a um ajuste técnico. Tivemos no fim da semana passada a formação da Ptax, a cautela pré-eleição e pré-fim de semana. É natural uma queda mais vigorosa por conta do movimento contrário da semana passada. Além disso, o aumento forte dos preços do petróleo no mercado internacional também contribui para o desempenho positivo da taxa de câmbio nesta segunda-feira.

Estamos a sua disposição para demais esclarecimentos,

Sócio e Head de Operações Internacionais