Você notou que no mês de julho o dólar teve uma volatilidade de quase 10%?!
Pois bem, o dólar fechou em leve alta nesta ultima sexta-feira do mês de julho/2022, mas ainda registrou a maior queda semanal desde novembro de 2020, momento em que o país enfrentava a 2º onda do covid -19, ao fim de uma semana marcada pela melhora do sentimento de investidores por algum alívio nos temores de agressivo aperto monetário nos Estados Unidos e por intenções de estímulos na China.
O dólar à vista subiu 0,21%, a 5,1727 reais na venda, após variar entre 5,1455 reais (-0,32%) e 5,2140 reais (+1,01%). Na semana, a moeda recuou 5,91% –maior queda desde a semana finda em 6 de novembro de 2020 (-6,07%).
O dólar encerrou julho com baixa acumulada de 1,12%, depois de na parcial até sexta passada 22/07 contabilizar alta de 5,09%. Em 2022, perde 7,19%.
Entre os pares emergentes mais próximos, o real foi o maior destaque positivo da última semana, conforme investidores desmontaram posições de venda da moeda brasileira à medida que os receios de super aumentos dos juros nos EUA diminuíram após a sinalização do Fed na quarta-feira 27/07. O real havia sido justamente uma das moedas mais golpeadas quando operadores de mercado turbinaram apostas em altas de 1 ponto percentual nos custos dos empréstimos nos EUA. E aqui vale uma breve análise sobre o cenário exposto anteriormente, pois taxas de juros mais altas nos EUA aumentam a atratividade da renda fixa norte-americana, estimulando conversão de moedas estrangeiras para o dólar, o que o valoriza.
Apesar da melhora de sinal nesta última semana do mês, a taxa de câmbio ainda carrega prêmio de risco adicionado em junho, quando o dólar disparou 10% tanto pela escalada de preocupações externas, haja visto o conflito que ainda existe no leste europeu entre Rússia e ucrânia, quanto pela deterioração da percepção fiscal no Brasil, uma vez que a aprovação do auxílio Brasil faz com que a conta não feche , sobre o teto de gasto elaborado para o orçamento previsto. Até termos um número fechado, vamos ver o mercado balançando − isso vale para câmbio, juros, bolsa. No fim de maio, o dólar estava na casa de 4,75 reais.
O mês de julho não tem padrão de desempenho do dólar –nas últimas duas décadas a moeda alternou altas e quedas para o mês–, e a cautela sobre as eleições brasileiras deve aumentar, enquanto nos EUA o Fed avaliará os rumos de sua política monetária. Em relatório especial, o Bank of America, um dos maiores bancos americanos e segunda maior holding bancária nos Estados Unidos, afirma que “Esperamos que o dólar (no mundo) permaneça forte pelo restante deste ano”. Eles ainda completam com a seguinte análise, “O superaquecimento da economia dos EUA e o Fed ‘hawkish’ (duro com a inflação) têm muito a ver com o dólar forte. Para a moeda enfraquecer, o Fed tem de se preocupar mais com crescimento do que com inflação, e ainda não chegamos lá”,
O BofA (Bank of America) calcula que o dólar fechará setembro em 5,30 reais –mês que antecede as eleições no Brasil–, terminando o ano em 5,25 reais, acreditando assim em uma alta até as eleições.
Em minhas considerações finais, podemos apontar que o real vinha perdendo muito contra o dólar e uma reação era esperada. O que impulsionou muito o real e as moedas emergentes em geral nesta semana foi a alta de preços das commodities com a leitura de estímulos econômicos na China, acrescento o fato de o Federal Reserve não ter acelerado o ritmo de alta de juros para 100 pontos-base, como especulado por parte do mercado, tirou fôlego da moeda americana. O quadro de recessão técnica nos EUA traz a perspectiva de aperto menos agressivo do Fed, de outro lado, o PCE (índice que mede a evolução dos preços dos bens e serviços adquiridos pelos consumidores) divulgado hoje 29/07 mostra que a inflação continua muito forte. Para os próximos meses, ainda será preciso ver com serão as próximas leituras de inflação no cenário americano, bem como, no cenário doméstico, a precificação da taxa de juros no Brasil, trazendo a taxa Selic para 13,75% e plano de governo dos candidatos a eleição presidencial.
Estamos a sua disposição para demais esclarecimentos,
Paulo Henrique Ferreira de Almeida Filho (PH)
Head of International Operations
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